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Nathália Petry

Mariana e a escravidão das crenças com a comida

Nos últimos dias, acabei lendo uma série de postagens que traziam uma reflexão sobre nós, seres humanos, não sermos exatamente tão livres como pensamos. Segundo estes textos, apesar da abolição da escravatura, vivemos como escravos, pelo fato de estarmos presos em crenças, comportamentos e padrões da sociedade. Hoje, lendo um livro sobre a gestão da emoção, encontrei a mesma reflexão colocando essa nossa concepção de sermos seres livres em choque.

Mas como assim? - você deve estar se perguntando.

Os textos e os livros traziam uma série de exemplos de padrões de pensamentos e comportamentos que nos aprisionam. Mas refletindo um pouco mais e fazendo uma correlação com minha área de atuação, resolvi trazer um exemplo que talvez você se identifique. Bom, eu, com certeza, já me identifiquei.

"Mariana F. aprendeu desde cedo que mulher gorda não arranja marido. Ela também aprendeu que, para se manter magra, era preciso muito sacrifício, e resistir às tentações alimentares não era pra gente sem força de vontade não... Assim, por muitos anos, Mariana realizou inúmeras dietas diferentes, e, apesar de sofrer muito com isso, ela não conseguia perder o peso que precisava para chegar no seu peso ideal. Sua mãe dizia que ela era preguiçosa e indisciplinada, e que precisava se esforçar mais. E então sua mãe contou do novo tratamento estético que a televisão divulgou como solução definitiva. Essa cena se repetiu várias vezes, e Mariana se submeteu a diferentes tratamentos, injeções e apertões. Porém, eles também não trouxeram o resultado que ela imaginava. E para complicar, os ciclos de dietas e tratamentos levaram Mariana a contrair muitas dívidas. Mariana também adquiriu comportamentos compulsivos para comida e compras, o que contribuiu para seus cartões de créditos não darem mais conta. Mas Mariana procurou ajuda, porém os profissionais reforçaram aquilo que sua mãe sempre dissera: "é só não comer, ou quem sabe tomar um copo dágua, ou fazer uma caminhada, no momento que tiver vontade de procurar a comida". Da mesma maneira, eles orientaram: "é só não comprar. Fique longe dos shoppings e não tenha comida em casa". Mas Mariana, por mais que se esforçasse, por mais que tentasse não comer, por mais que fechasse sua boca, por mais que se trancasse em casa, não conseguia evitar esse ímpeto que, em um súbito momento, a dominava. E Mariana concluiu que, realmente, ela devia ser indisciplinada e sem força de vontade, e que merecia ser gorda e assim não realizar seu sonho do casamento".

Este exemplo foi escrito com base em muitas histórias que escuto diariamente dentro do consultório. E eu chorei escrevendo-no.

Chorei porque compreendi o que os textos que cito no começo da postagem querem dizer sobre sermos escravos de ciclos e padrões repetitivos, que aprendemos e não são verdadeiros (como, por exemplo, gordura e arranjar marido não tem nada a ver; assim como se alimentar bem e sacrifício também não estão relacionados), sem conseguirmos realmente sermos livres.

Você consegue perceber ciclos assim na sua vida?

Ciclo de agora-a-dieta-vai-dar-certo -> compulsão alimentar -> frustração?

Ciclos de agora-vou-conseguir-mudar-meu-corpo -> frustração -> compulsão alimentar -> culpa?

Será que não é hora de quebrar esses ciclos? De se libertar dessa escravatura?

Segundo o dr. Augusto Cury, somos escravos de nós mesmos, dos padrões de pensamentos e comportamentos que nos são ensinados, e que tomamos como verdadeiros. Segundo ele, é preciso começar a olhar para dentro e realmente avaliar o que faz sentido para você. É preciso olhar para estes comportamentos que iniciam estes ciclos, e reavaliar se eles são coerentes!

Fazer dieta? Fechar a boca? Decisão de mudar o corpo? Estes comportamentos te impulsionam para a realização, ou te levam a ciclos de frustração e insatisfação?

Não seja escravo de pensamentos, comportamentos e padrões que uma vez lhe disseram ser verdadeiros. Comece a avaliar por você mesmo! Você é capaz, você é o dono da sua história <3

E essa é também a minha proposta dentro do consultório. Te ajudar a reavaliar o que é verdadeiro, o que faz sentido na sua vida. O que, dentro dos seus conceitos sobre comida e sobre corpo, realmente fazem sentido para seu organismo, para sua mente, para sua vida.

Faça as pazes com o corpo, com a comida, e com tudo o mais que possa estar te aprisionando. E se liberte.

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