"Quando tinha cerca de dez anos, uma amiguinha veio me perguntar se eu fazia dietas. Achei estranho, pois pensava que dieta era uma coisa ruim, e mais, que era coisa de gente grande. Lembro que ela disse que tinha que se cuidar, pois não queria ficar gorda. Lembro também de adultos comentando sobre como estavam acima do peso, e que assim que passasse o próximo final de semana, eles iriam embarcar em uma nova dieta. Dieta era a solução para ser magro, segundo eles. Fiquei intrigada e lembro de começar a pensar se eu já tinha alcançado a idade de começar uma dieta, afinal ninguém é magro se não se cuidar."
É interessante esclarecer que o termo dieta, na verdade, tem origem no latim diaeta, que vem do grego “díaita”, que significa "modo de vida". Porém, quando falamos em dieta hoje em dia, e há um bom tempo, na verdade, estamos nos referindo à restrição ou privação de alimentos, grupos alimentares ou nutrientes, com o objetivo de emagrecer.
E assim, a dieta passou a ser um termo muito falado, presente na capa de grande parte das revistas, no conteúdo de muitos blogs, nas postagens de muitas redes sociais, e em grande porcentagem dos programas de tevê.
- Como enganar a fome? Como mascarar minha vontade de doce? Como comer tal alimento sem culpa? Como emagrecer em x dias? Como aguentar firme na dieta? -
Seja de qual forma for, a palavra dieta sempre acompanhada desta conotação negativa, de sofrimento, fome e tortura, e só de ouvirmos esse termo um arrepio já sobre pela nossa espinha (E não é pra menos! Nosso corpo não tolera nada bem as proibições e restrições alimentares, e só de pensar nisso já sinto meu cérebro em alerta!)
Além de associada ao emagrecimento, a dieta também tem sido sinônimo de saúde. Seja cortando o coitado do glúten, ou se entupindo de goji berry, "estar em dieta" parece remeter "ser saudável". Mas será mesmo? Será que restrições e proibições são sinônimos de saúde?
Quando pesquisei o termo dieta no dicionário brasileiro Michaelis, encontrei estas duas primeiras definições:
1 Regime alimentício prescrito a um doente ou convalescente.
2 Privação de todos ou de alguns alimentos, em caso de doença.
Achei curioso! Não é interessante que estas duas definições colocam que dieta é a restrição de certos nutrientes devido a uma condição de saúde da pessoa, que exige essa dieta específica?
Então, eu me pergunto, se eu estou em boas condições de saúde e tenho um corpo maravilhoso que me permite fazer tudo o que eu quero, deveria eu me privar de algum alimento, ou comer algum outro alimento em excesso?
E, então, eu respondo: Não! E abaixo eu já te mostro o porquê você não precisa e nem deve fazer restrições e proibições alimentares pelo simples fato delas não funcionarem pra você!
A autora Louise Foxcroft, em seu livro A Tirania das Dietas, descreve como as dietas restritivas e proibitivas têm existido e se reciclado há mais de 2000 anos, mesmo sem apresentar eficácia em relação à perda de peso ou ao aumento dos índices de saúde.
Não é irônico que se ao levarmos nosso carro no mecânico e ele não fica bom, nós culpamos o mecânico, mas se continuamente as dietas não funcionam para nós, nós culpamos a nós mesmos?
Apesar de 90-95% de todas as dietas falharem, você continua se culpando, e não atribui a culpa à dieta! Não é a toa que a indústria das dietas é tão lucrativa!! Pois ela lança novas dietas, e ao não funcionarem fazem parecer que a culpa é sua!
Segundo Louise Foxcroft, as dietas se reciclam e retornam com outros nomes, nos seduzindo e sendo sustentadas por fatores econômicos, políticos, culturais e psicológicos. Elas nos seduzem e, sinceramente, nos fazem de bobos.
Inúmeros artigos a longo prazo demonstram que restringir a alimentação, proibir alimentos, ou até a famosa frase “fechar a boca” não são métodos eficazes. Pelo contrário, são fadados ao fracasso, por demonstrarem vários problemas em níveis bioquímicos, psicológicos, culturais e sociais. Resumidamente, elas:
☝ Fazem uma bagunça no seu metabolismo (causam estresse no organismo, diminuem seu metabolismo e aumentam sua fome). ☝ Fazem com que você crie pensamentos obsessivos por comida, desenvolva um péssimo relacionamento com a comida e aumentam em MUITO as chances do desenvolvimento de compulsões alimentares e transtornos alimentares. ☝ Não consideram as várias funções que o alimento tem em nossas vidas (função social, função cultural, função afetiva), e por isso elas podem não se encaixar nas reuniões com amigos, nas celebrações ou naqueles almoços de família, prejudicando sua vida social. ☝ A longo prazo, fazem com que você entre naquele famoso efeito sanfona. Na verdade, estudos demonstram que o fazer dietas (restrição/proibição alimentar) é um grande premeditor de ganho de peso! Ou seja, as dietas promovem o ganho de peso!
☝ As dietas são um forte e perigoso gatilho para transtornos alimentares!
Para saber mais sobre isso, assista à série de vídeos abaixo:
Pois é, gente! E hoje é um dia muito especial! Sabem por que? Porque hoje comemoramos o DIA INTERNACIONAL SEM DIETAS, ou seja, um dia inteirinho para lembrarmos do porquê das dietas não funcionarem! Por isso, em comemoração, eu venho novamente apelar a vocês: já deu de dietas, né?
Segundo a autora Louise Foxcroft "O que precisamos é de uma ênfase diferente, que se afaste resolutamente das noções entranhadas de fracasso e fraqueza".
Então, eu convido vocês para esta ênfase diferente: Que tal vermos a alimentação de uma forma mais positiva e mais gostosa? Bora fazer as pazes com nosso corpo, ouvir nossos sinais de fome e saciedade e comer com prazer? Vamos descobrir a liberdade que é viver sem dietas e rebuscar nosso comedor intuitivo? Para saber mais sobre isso, se conecta aqui no blog (no rodapé) e me segue lá no facebook, porque tem muita coisa ainda pra discutirmos! Feliz dia internacional sem dieta a todos! <3